Terapias Integrativas e a degradação da cura

Por Andréia Rosa, Terapeuta Holística do Espaço Vida Om

Há 8 anos, quando ainda estava iniciando meus cursos e estudos na área das Terapias Holísticas, haviam bem menos profissionais que se interessavam pelas técnicas até então, conhecidas como “alternativas”, pois assim foram classificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), por se tratarem de formas alternativas de tratamento e cura, sendo aplicadas juntamente com algum tratamento médico ou medicamentoso como uma forma de auxiliar no processo de cura. Com o passar dos anos, as Terapias Integrativas vêm ganhando espaço no mercado de trabalho e numa velocidade espantosa. A cada dia, mais e mais profissionais se interessam por essas técnicas de cura que utilizam como ferramenta principal, o EQUILÍBRIO ENERGÉTICO. Esse crescimento pode estar associado a vários fatores, como uma demanda crescente por tais técnicas, aumento na disponibilidade de cursos, adesão pela classe médica, que cada vez mais está indicando esses tratamentos para seus pacientes, bons resultados nos tratamentos, enfim, muitas podem ser as causas desse crescimento. E isso é maravilhoso! Porém, como acontece com qualquer empresa ou técnica que cresce demasiadamente, percebo que esse crescimento trouxe uma queda na qualidade dos cursos e serviços prestados e, consequentemente, dos profissionais que exercem essas práticas. Mas a maior perda está no verdadeiro significado das Terapias Holísticas: a CURA e o EQUILÍBRIO.

De fato, com o mercado em expansão, alguns profissionais apenas ingressaram neste ramo como uma alternativa de ganhar mais dinheiro. Grande ilusão, porque além de ser uma área desafiante e muito instável em termos de rentabilidade, esses profissionais vêm fazendo de tudo para se destacar no mercado de trabalho. Uma consequência imediata é a criação de inúmeros “cursos de formação” absurdos, sim, isso mesmo. Na busca desenfreada por inovação, esses profissionais estão DETURPANDO a essência destas técnicas, criando seus próprios cursos, estabelecendo módulos e mais módulos, apenas como forma de ganhar mais dinheiro, não prezando o caráter pedagógico, mas sobretudo, desrespeitando as reais linhagens e tradições dessas formações. Não estou incluindo aqui, palestras, workshops, mini cursos, pois estes tem seu papel na ampliação básica do conhecimento, cabendo ao profissional e aluno, reconhecer suas reais limitações. Ademais, esses breves encontros podem facilitar e expandir o acesso do público na adesão destas técnicas, uma vez que, um dos maiores obstáculos das Terapias Integrativas sempre foi a falta de informação do público em relação aos seus benefícios e o quanto essas terapias podem auxiliar em qualquer tratamento e de forma natural, segura e com pouquíssimas reações adversas. Minha maior preocupação é em relação á essa DEGRADAÇÃO DE VALORES, onde técnicas que na maioria das vezes, são milenares, estão perdendo suas origens.

Vale ressaltar que agregar um novo conhecimento a uma técnica é diferente de deturpar, afinal, é assim que funciona a ciência, a cada descoberta, novos conhecimentos vão surgindo, se baseando em uma pesquisa anterior de um estudo descoberto por outro cientista. Assim veio Isaac Nilton, agregando em seus estudos, veio Albert Einstein e assim por diante, agora temos a física quântica. Mas “criar” seu próprio método ou curso, assim como, aplicar uma nova técnica na população, sem haver um mínimo de experimentação prática, tempo de comprovação e aprofundamento suficientes ou até mesmo, estudos científicos à respeito da técnica, é no mínimo arriscado, uma falta de ética, de responsabilidade e pode muito bem se configurar como CHARLATANISMO.

Eu costumo associar às escolhas profissionais que fazemos, com nossas missões de vida, com nossos valores. É inegável o fato de quem escolhe uma profissão a escolhe por alguma afinidade, encantamento ou paixão. Sim, alguns escolhem aquela que dá mais dinheiro ou por uma falta de alternativa ou necessidade, escolhem a mais viável naquele momento, mas somente a vida vai mostrar lá na frente, se essas escolhas valeram à pena ou não, isso é individual. Eu percebo que nesta área, que podemos chamar de área médica, terapêutica, de cuidados com a saúde, grande parte dos seus profissionais, estão ali, porque reconheceram em si, a necessidade e o amor em cuidar do próximo, em salvar vidas, ou até mesmo o dom da cura. Médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e tantos outros terapeutas, têm no coração, um desejo primitivo de cuidar do seu próximo. Sim, digo isso para aqueles apaixonados pela sua profissão. Mas é esse amor em curar, em cuidar, que vai diferenciar um verdadeiro médico ou terapeuta.

Trabalhar com a energia das pessoas, para mim é indicar novos caminhos, poder causar verdadeiras transformações na vida das pessoas, positivas ou negativas. E isso NÃO É BRINCADEIRA!

Como qualquer área, haverá sempre bons e maus profissionais, isso é um fato óbvio e natural, e o mercado de trabalho terá seu papel em selecionar os bons e verdadeiros profissionais, mas cabe a nós, TERAPEUTAS, nos questionarmos em relação aos nossos reais valores constantemente. E principalmente, á VOCÊS nossos clientes, pacientes e alunos, à buscarem bons profissionais, não somente por uma formação técnica de qualidade, mas pelo talento, amor e responsabilidade em disseminar a verdadeira cura e promover o equilíbrio e o bem estar à todos.

 

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