O QUE É O SAGRADO FEMININO?

Trechos do livro: Salomé, o encanto das mulheres que surgem do céu

De Lucius, psicografada por Sandra Carneiro

 

Gostaria de reforçar a necessidade que temos de que a Terra se abra para as energias típicas do feminino: suavidade, delicadeza, acolhimento, beleza, amor, compreensão, tolerância, calma. Essas, que são características do aspecto feminino de Deus, e que tem sido banidas da sociedade.

Ao longo dos séculos, o masculino, na figura dos homens com sua força, dominou o mundo, impondo-lhe seu modo de ser. Para que tal domínio fosse exercido, as mulheres foram silenciadas, controladas, diminuídas, consideradas perigosas e até, na Idade Média, queimadas vivas. O feminino foi sendo conduzido segundo os interesses da sociedade patriarcal. A civilização que temos hoje na Terra é o desdobramento desse processo. Na luta para libertar-se do domínio masculino, a mulher quis mostrar que podia ser como o homem e fazer tudo o que ele fazia. Podia mesmo. E fez. Para tanto, adotou igualmente um modo masculino de viver. Venceu no mundo masculino. Era necessário.

No entanto, é chegada a hora de a mulher contribuir de fato para a transformação do planeta, abrindo espaço para que o feminino de Deus se manifeste na Terra. É o momento de uma nova revolução, em que as mulheres assumam o ser feminino que trazem em si, dando valor à sua essência e deixando fluir sem medo a capacidade que tem de cuidar, de proteger, de cultivar, de doar-se, de amar. Valorizando a beleza real e tudo o que é verdadeiro. Não é disso que o planeta mais precisa?

Tenham a coragem de deixar o feminino extravasar e contagiar a todos. Lutem, trabalhem, realizem, mas não permitam que o aspecto masculino de si próprias, ou da cultura de nossa sociedade, esterilize sua capacidade de amar, de se doar, de cuidar.

A história da humanidade vem sendo escrita com a opressão do mais forte sobre o mais fraco. Dar vazão ao desejo de domínio, concedendo liberdade total ao orgulho, tem sido a prática dos poderosos da Terra.  A mulher, na condição de gênero mais fraco fisicamente e com atribuições do lar e da maternidade – pois que tem de proteger suas “crias”, como em toda a natureza, desde a longínqua Antiguidade veio sendo sujeitada pela civilização patriarcal. Em tempos mais remotos, vocês bem sabem, tivemos sociedades matriarcais. Nelas, o gênero feminino dominava e, portanto, era enorme o respeito à mulher, nessas sociedades primitivas. Com o advento da hegemonia grega e depois do império romano, a cultura e os costumes desses povos foram aos poucos incorporando os conceitos patriarcais e depois sendo dominados por ele.

À medida que a humanidade progride, vai lentamente se libertando da escravidão imposta a todos, por milênios. Alguns, aqui e acolá, ao se libertar buscam também levar outros à liberdade, sobretudo da mente, derrubando os paradigmas culturais impostos a todos.

Quanto mais evoluída é uma sociedade, maior o respeito que tem por todas as criaturas, pelas diferenças. A pior consequência dos tempos de opressão à mulher é que a sociedade como um todo ficou carente da figura feminina, dos atributos femininos, das qualidades femininas. Criou-se um deus unicamente masculino, sendo que Deus, a inteligência maior que tudo criou, tem atributos masculinos e femininos. Ele é compaixão, é bondade, é beleza, é acolhimento, é perdão; não tem apenas as qualidades de força, poder e justiça predominantemente reconhecidas, muitas vezes pelas religiões. Deus também é feminino. Ao valorizar e relevar somente suas propriedades masculinas, a sociedade ficou órfã de mãe. Repetimos incessantemente que Deus é pai, esquecendo que Deus é igualmente mãe.

Nunca vemos Deus como mãe; só o vemos como pai. Essa é a condição em que a sociedade se colocou. A opressão da mulher durante séculos foi muito maior do que podemos imaginar. E nossa sociedade, presentemente, ainda traz forte influência desse modo de pensar; daí os homens, e mesmo as mulheres, pouco respeitarem ou valorizarem o feminino. Por muito tempo as mulheres foram vistas como seres fracos, perigosos e pecaminosos. E até hoje o homem traz no inconsciente resquícios dessa avaliação; ele não confia na mulher. O pior de tudo é que muitos espíritos que hoje envergam um corpo feminino, que vivem a condição de mulher, trazem esses resquícios. A mulher não confia em si própria, pois tem o preconceito incutido em seu inconsciente.

O feminismo, que ajudou milhares de mulheres a lutarem para se fazer respeitar e encontrar um lugar no mundo, foi inegavelmente movimento da maior importância. Entretanto, o que as mulheres precisam compreender é que ganharam espaço num mundo com valores masculinos já estabelecidos. Elas lutaram e venceram no mundo dos homens; na sociedade patriarcal, com valores patriarcais. A grande maioria das mulheres não despertou para essa sutileza.

O que quero dizer é que as mulheres se libertaram do jugo dos homens, sem libertar o feminino de suas almas. Ao menos, não o fizeram como poderiam e deveriam. Estão no poder, mas usam as regras masculinas. O que se espera, agora, é que deem um novo passo na direção do equilíbrio do mundo. Elas precisam aceitar plenamente o fato de serem mulheres, amar-se intensamente, reconhecer o grande valor que tem. Elas podem manifestar com maior facilidade o aspecto feminino do Criador. Assumir o ser mulher com alegria, aceitando seu corpo, seu jeito de ser, seu ritmo; e respeitando isso, cumprir seu papel com muita liberdade.

Por exemplo, muitas mulheres deixaram que o mundo masculino usasse e dominasse sua sensualidade, ditando as regras do que é ser sensual. É o controle exercido sobre as mulheres através da sensualidade. Elas acham que expondo sua sexualidade sem respeito, tanto quanto o homem, são livres. Nem homens nem mulheres são verdadeiramente livres enquanto não controlarem a si mesmos, tomando consciência da enorme manipulação a que hoje estão submetidos.

A manipulação é tão disseminada que dificilmente se pode percebê-la. Unicamente a consciência desperta leva o indivíduo a perceber o quanto está sendo escravizado por um modo de vida que o sufoca e controla; dominado por valores que em nada trazem felicidade; correndo atrás de conquistas efêmeras, a que alguém o incentivou, para ter o que a televisão diz que é essencial. A dominação vem até dos bancos escolares, onde se condicionam comportamentos, porém não se ensina o indivíduo a pensar.

A mulher precisa recuperar a dignidade, o valor, o respeito e o amor próprio, descobrindo a beleza, o poder e a força da essência feminina. Os mistérios que esconde em seu corpo, a maravilhosa capacidade de trazer dentro de si a vida, a energia poderosa do amor, que tudo renova e constrói, são atributos que toda mulher possui e pode colocar a serviço do bem, de Deus.

A maioria das almas encarnadas na condição feminina abriga no inconsciente sentimento de inferioridade, de demérito em relação ao feminino. São vestígios do inconsciente coletivo e de suas experiências e crenças pregressas, de outras encarnações. Muitas vezes foram mulheres humilhadas, tolhidas, desmerecidas ao extremo, em sociedades bárbaras; outras vezes foram homens que humilharam e diminuíram as mulheres, subjugando-as com total desrespeito. Agora, renascem na condição feminina para aprender a respeitar e valorizar essa condição, ainda carente da elevação a seu mérito real.

Precisamos ajudar as mulheres a aceitar e prestigiar sua essência, reconhecendo a importância de seus atributos para o mundo e para a própria vida de cada uma. Estamos por demais acostumados a um mundo duro, rígido, frio, agressivo. Temos necessidade premente de acolhimento, de ternura, de suavidade. Do feminino.

Cabe à mulher dar contribuições preciosas nesses aspectos absolutamente necessários à construção do novo milênio, por ser o canal da manifestação do feminino, das energias eminentemente suaves, amorosas e de acolhimento. Ah! Se as mulheres compreendessem o poder que têm… O poder de amar! E com o amor, ainda que sacrificial, transformar o mundo para o bem!

A mulher deve assumir sua feminilidade, cultivando o respeito próprio, convicta de seu real valor, de suas enormes possibilidades. Só assim encontrará o próprio caminho num mundo onde prevalecem as energias masculinas: a agressividade, a luta pela conquista, a liderança, a agitação, a velocidade de uma sociedade voltada para fora, para o externo. No momento atual da Terra a mulher tem, pela primeira vez, as condições históricas, sociais e psicológicas para assumir plenamente sua essência feminina como forma de viver, de alcançar seus objetivos, sem a pretensão de dominar o homem ou ser igual a ele para ter o poder. Homem e mulher precisam caminhar lado a lado, em equilíbrio.

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